Motivação e Ação

MOTIVAÇÃO E AÇÃO
Copyright © 1995 by Aga Brueckheimer

O SUJEITO

É » SENTE » PENSA » FAZ

MOTIVAÇÃO ( Como eu me movimento para fazer)

Motivação surge de uma Tensão Corporal . Comemos porque sentimos fome. Dançamos porque sentimos vontade de mexer o corpo. Vamos ao banheiro porque sentimos vontade de fazer xixi ou cocô.

Quando não conseguimos identificar uma tensão, temos dificuldade de achar o movimento necessário para dissolvê-la.

Todas nossas tensões tem haver  com sensações e sentimentos. Por sua vez, essas sensações e sentimentos se originam no Sistema Nervoso Superior, ou seja no cérebro, especificamente, no Sistema Límbico e Amígdala.
Na maioria das vezes, não conseguimos identificar nossas tensões, pois surgem e se repetem em diferentes condições e sob estímulos diferentes. E muitas vezes as sensações não são definidas em uma determinada parte do corpo.
As vezes a tensão é tão sutil que não a sentimos, ou então, já estamos tão acostumados com ela, que não conseguimos nem identificar  e nem conectá-la com aquilo que estamos sentindo.

 A insegurança, por exemplo, pode surgir de partes tão diferentes do corpo, ou apresentar-se sob tão variadas formas, que varia de pessoa para pessoa e até pode variar na própria pessoa, que nem sempre é fácil perceber que esta TENSÃO está relacionada ao sentimento de insegurança.

A MOTIVAÇÃO PARA UMA AÇÃO à VEM DE TENSÕES QUE NOSSO ORGANISMO SABE DEFINIR E RECONHECER, ou seja, as tensões definidas e  reconhecidas é que vão motivar nossas ações.

E uma ação motivada e reconhecida, traz consequentemente o prazer da descarga.
A realização é o resultado daquilo que fazemos bem,, e para isso não há necessidade de sofrimento.

AÇÕES SIMPLES è MOTIVAÇÕES  FÁCEIS
Uma ação simples é sempre monomotivada, ou seja, a ação é simples quando só há um desejo , e este está em concordância total com todo nosso sistema de crenças e valores.
Ex.: Desejo de comer à COMEMOS SE SENTIMOS FOME  (mas como fazer e o que comer, se estou de dieta, estou no meu local de trabalho, o médico proibiu, estou com pouco dinheiro, etc...).

Este exemplo acima mostra que nem sempre é simples monomotivar nossas ações. Nossa sociedade exige coisas tão absurdas e desumanas, que fica difícil as vezes, adaptarmo-nos a todas exigências .
 Por isso não deveríamos considerar  nossas dificuldades e incapacidades como deficiências, mas sim," como resultado de uma bem sucedida educação errada" . O que estou dizendo com isso, é que nossas incapacidades normalmente estão ligadas ao que aprendemos no nosso processo de treinamento e educação. E aprendemos tão bem as ações que  não são adequadas para nós que esquecemos de levar em conta que o problema não está em nós, mas sim,  na educação errada que recebemos.
Um típico exemplo disso é a insatisfação sexual das pessoas, nas suas mais variadas formas, da timidez de expressão aos distúrbios mais graves de impotências.

UMA » AÇÃO à ALIVIA A TENSÃO
Vou » dormir à para acabar com o cansaço
Vou » comer à para aliviar  a fome
Vou » coçar à para aliviar  a coceira
Vou » transar à para aliviar a tensão sexual

Aqui começa nosso problema. Eu deveria transar e ter um orgasmo completo em resposta ao meu grau de tensão sexual. É simples. Mas o que acontece nos casos de não ter sucesso ou nos casos de impotência?

A resposta é que  "penduramos" ou colocamos tantas "MOTIVAÇÕES PARASITAS"  que elas passam a ser maiores e mais importantes do que a simples motivação de que um ato sexual só pode aliviar a tensão sexual.

Se  somarmos ainda todas motivações inibidoras de origem social, que estarão presentes cada vez que a tensão sexual se manifesta, a pessoa entrará num estado de confusão emocional tão grande que perde toda capacidade de distinguir as diferentes motivações.
Na motivação sexual, isto é muito comum e bem visível: Tem pessoas que transam para satisfazer o parceiro, outras para ganhar afeto, muitos confundem tensão sexual com amor. Outros usam a tensão sexual para controlar ou manipular, ou ainda para conseguir algum tipo de poder social. Enfim, realizam o ato sexual para satisfazer os mais variados desejos, quando na verdade um ato sexual só pode aliviar a tensão sexual. NÃO ALIVIAMOS A SEDE ESCREVENDO, ASSIM COMO É IMPOSSÍVEL SATISFAZER NOSSOS ANSEIOS SOCIAIS E AFETIVOS ATRAVÉS DO ATO SEXUAL".  E quando não há tensão sexual e, apesar disso, o ato é feito através de uma discriminação falsa de motivações, confundidas como sendo uma motivação sexual, a tensão não é aliviada e é por isso, na minha opinião, que as pessoas sentem-se impotentes ou frígidas.

E na minha prática clínica , as pessoas preferem acreditar que sofrem de algum problema físico, do que enfrentar a realidade de suas motivações contraditórias. Essas pessoas não conhecem suas motivações e não aprenderam a discriminar e identificar as sensações e os sentimentos motivadores de cada tensão corporal .

A Análise Bioenergética devolve esta capacidade,  ensinando-nos gradualmente, através dos bloqueios musculares e do nosso sistema energético, a:

  1. identificar a ou as emoções relacionadas àquela tensão ou bloqueio,
  2. revela o desejo primário que causou essa tensão,
  3. oferece-nos a possibilidade de dar uma nova solução a esse conflito que desvia uma quantidade enorme do nosso potencial energético,
  4. lidar de uma maneira mais adequada com essa situação,
  5. compreender  nossas emoções e como elas funcionam sob tensão,
  6. e quais são os modos mais adequados de lidar com estes sentimentos hoje. Isto faz com que possamos ter mais prazer nas nossas vidas, tornando nosso sistema energético potencialmente vivo.

Portanto, a medida que vamos conhecendo nossas emoções, nossas ações conscientes se tornam monomotivadas. Passamos a ter a habilidade de inibir e excluir todos elementos parasitas e ações inadequadas que executamos por hábito e condicionamentos da nossa bem sucedida educação errada.

Vamos apreender ainda um fato surpreendente, de que muitas vezes não conseguimos o que queremos porque fazemos mais do que é necessário e não porque não sabemos fazer o essencial.

E todos estes conflitos  sempre provém dos desajustes entre a maturidade física versus  maturidade emocional e a dependência financeira versus desenvolvimento social.
Vou tentar explicar como isso ocorre, ou seja, como funciona nossa bem sucedida educação errada, no aprendizado das nossas emoções. Podemos dividir em três etapas para compreender melhor o processo que leva uma pessoa da total dependência para maturidade dos seus sentimentos. Se você puder perceber e identificar esse processo nos seus sentimentos, também poderá identificar isto em todas suas ações

  • Inicialmente, aprendemos por imitação e modelagem, e não podemos evitar este aprendizado.

  • Depois aprendemos por hábito, ou nos recusamos a aprender por revolta.
  • Aprendemos por opção, sem compulsão interior.

Explicando melhor veremos:

  • No primeiro estágio à O Ser Humano é totalmente indefeso e dependente, e sua necessidade básica é afeto , proteção e nutrição, e para sobreviver fará tudo, qualquer coisa para obter isso.

  • No segundo estágio à Depois precisamos de afeto e proteção compulsivamente e podemos continuar precisando por hábito ou rejeitá-lo por revolta. O padrão que vamos seguir vai depender do tipo de educação que recebemos dos nossos pais.

  • No terceiro estágio à Aqui se instala a maturidade. É quando nos libertamos da necessidade compulsiva do afeto, e vamos procurá-lo por opção, nos objetos e nas pessoas que nos interessam ou que escolhemos.

Tomando como exemplo nosso modelo familiar podemos ver claramente estes pontos: Uma atitude respeitosa e amigável para com nossos pais é a chave para nossa sobrevivência na fase da dependência financeira. Aprendemos a amá-los porque não tem saída. No entanto, à medida que vamos nos tornando independentes, e aqui se inclui todos tipos de independência, essa conveniência deixa de existir.

Como funciona o sentimento de amor aos pais no processo do amadurecimento?

  • No primeiro estágio o padrão está tão firmemente estabelecido que a criança age de acordo com ele, queira ou não ( a compulsão interior exclui todas as outras alternativas).

  • No segundo estágio, quando as condições ambientais de dependência se alteram, a conveniência da compulsão deixa d existir. Aí pode ocorrer o apego compulsivo ao padrão por hábito ou então, se o padrão compulsivo não foi bem organizado, pode ser totalmente rejeitado ou mesmo revertido. È quando o amor vira ódio, o respeito vira desrespeito .

  • No terceiro estágio, o da maturidade emocional, é quando a pessoa aprende a dissociar o conteúdo emocional ou a afetividade de qualquer padrão compulsivo, ou seja, aprende a dissociar o objeto do afeto. Nesse estágio podemos continuar amando e respeitando nossos pais sem compulsão interior, ou igualmente, desprezando-os ou odiando-os sem compulsão interior. Em ambos os casos, ocorre algo idêntico: a intensidade do conteúdo emocional pode ser controlada pela pessoa, sendo ditada mais pelas condições do que pela compulsividade emocional.

Se adquirirmos a capacidade de controlar a dissociação entre sentimento e ação, poderemos enxergar não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente, de que o amor e o respeito pelos pais são necessários não como uma lei da natureza, mas sim, como um subproduto da experiência de sermos Humanos.

O SISTEMA ENERGÉTICO HUMANO é uma das estruturas mais flexíveis e complexas que existe. Ele se desenvolve e se forma  à medida que vamos vivendo a experiência, e é mais afetado pela experiência pessoal do que por outros sistemas energéticos humanos. É por isso que essa experiência pessoal é a chave para nossa felicidade ou infelicidade.