05-05-2008 Aprendendo com as Maes Indias

O que as mães Índias me ensinaram.

Na semana que antecede o dia das mães quero compartilhar com vocês uma experiência que mudou minha vida e meu jeito de ser mãe.

Uma vez, há muito tempo atrás quando eu morava em Belém do Pará e meus filhos ainda eram pequenos, eu gostava muito de ir a Icoaraci, um centro de cerâmica que empregava mulheres indígenas para fazer a "cerâmica Marajoara", que eu tanto apreciava. Não sabia que lá, e exatamente destas mães, eu aprenderia uma das maiores lições de vida, que guardo até hoje com muito carinho.

Como muitos de  vocês, venho  de uma família de imigrantes, rígida, donde trouxe alguns valores que eu talvez jamais teria questionado, se não tivesse visto como elas lidavam e tratavam seus filhos.

À medida que elas iam lidando e desenhando a cerâmica, que primeiro secava ao sol, para depois ir a um forno de queima, elas separavam neste processo, as peças perfeitas e de excelente qualidade, das peças com pequenas falhas, arranhões, desenhos não tão perfeitos, das peças quebradas e rachadas.

Eu via que os filhos delas, em bandos, brincavam "de fazer cerâmica" e desenhos, mas o que mais gostavam era brincar de quebrar. Quando conseguiam quebrá-la, todos riam, batiam palmas e corriam para buscar uma nova peça. Foi neste momento que percebi, um tanto quanto atônita, que elas pegavam uma peça do monte das cerâmicas perfeitas. Quando eu vi isto se repetir duas ou três vezes, perguntei para uma mãe se aquele monte que elas pegavam a cerâmica para quebrar, não era o monte das peças perfeitas. Rapidamente e sem pensar ela respondeu:

- É sim senhora!

Inconformada com a calma da resposta dela, eu perguntei se ela sabia que eles iam quebrar a peça. Ela mais uma vez respondeu:

- Sei sim senhora!

- E então porque você deixa  seus filhos quebrarem justamente as peças mais bonitas que você fez? - perguntei  já indignada com a passividade desta mãe. Ela no mesmo tom de calma, respondeu:

- São meus filhos! Se eu não os deixar pegar o bom, ninguém mais deixa, e aí eles não "aprende" o que é bom, sim senhora!

O trajeto de volta até minha casa demorou a meia hora que considero uma das mais produtivas e que transformou a maneira de lidar com meus filhos. Quando cheguei em casa, joguei fora todos os copos de plástico com canudinho, abandonei as toalhas de plástico que eu não gostava, mas que eram mais práticas, desempacotei os meus belos cristais que embelezavam a cristaleira da sala e passei para cozinha, tirei minhas toalhas e guardanapos de linho com monograma do armário  e naquele dia mesmo para o lanche da noite, já tinha adotado a mesma atitude: - Para meus filhos, o melhor. Eles são o que eu tenho de mais precioso e eu sou a mãe deles. A partir de hoje, se uma visita pode quebrar meus copos de cristal e manchar minhas toalhas, porque meus filhos não podem? Como eles vão aprender o que é bom se eu não ensinar?

Quando chegaram do jardim, acho que só minha filha mais velha e a do meio já estavam na escola, entraram na cozinha e imediatamente me perguntaram:

-Tem visita hoje mãe? Quem vem jantar com nós? A tia Magali e o Tio Flávio vêm aqui hoje?

- Não, a mesa é só para nós. Respondi a meio tom, pois o que meus filhos não me falaram, foi que eles já tinham aprendido que o melhor sempre estava reservado para as visitas e não para eles. Desde então, venho usando e praticando isso em outras áreas da minha vida com bons resultados.

Ao iniciar esta semana, desejo que você também possa refletir sobre isso, e se for preciso faça as mudanças necessárias.

Eu realmente dou o melhor para meus filhos?

Sobra qualidade de tempo para mim e para quem eu amo?

Abraços
Aga Brueckheimer