O Que Aprendi Sobre o Amor e o Que é Amar
1. Amor, para mim é uma tarefa que envolve intenção. Eu amo porque quero exercitar e desenvolver meu potencial amoroso, e não pelo que o outro é ou faz. Os componentes comuns e visíveis, como atração, admiração, sexo, paixão ou aquilo que tenha chamado a minha atenção para esta pessoa, nada mais é do que um acendedor – um meio que me dá acesso ao meu potencial de amor, tal qual um interruptor de luz: O interruptor somente faz a conexão e acende a lâmpada. Um interruptor não determina a fonte, o tipo, o potencial e nem a qualidade da luz. Só viabiliza o acesso a luz (no exemplo, a energia elétrica).
Portanto, no nosso caso, a paixão, atração, etc. nos conectam com a nossa fonte, com nossa capacidade de amar. O outro, aquele que serviu de acendedor, aquele não tem nada haver com meu potencial de amor, com a qualidade do meu amor. O que venho aprendendo, é que assim como crianças acham que a luz vem do interruptor, a maioria dos adultos também acha que o tipo, quantidade e potencial amor que sentem, depende da pessoa que despertou estes sentimentos. Passam então a olhar e tratar estas pessoas como sendo o amor deles, e responsáveis pela qualidade de seus sentimentos, sem se darem conta de que o que sentem, vem da fonte que eles possuem internamente e não das pessoas amadas.
2. O amor, ninguém nos tira ou dá. Se sentirmos falta dele é porque ainda não desenvolvemos satisfatoriamente nossa capacidade de amar, ou ainda, não sabemos que temos um potencial amoroso. Esta falta de amor não vem dos nossos parceiros, vem da nossa incapacidade de amar tão plenamente quanto queremos.
3. O amor necessita de suporte. E o suporte do amor é o compromisso. Para acessar nosso potencial amoroso, precisamos atravessar nossa floresta de sentimentos. É necessário ter suporte para fúria da raiva, do ódio, dos medos e de todos sentimentos que não aceitamos ou que não achamos dignos de nós.
4. O amor precisa de intimidade. E a intimidade é o lugar mais vulnerável e desprotegido para o Ser Humano, mas também o lugar mais pleno e caloroso, onde ele pode simplesmente ser o que é. E a intimidade só se revela e se constrói quando existe um compromisso. E a base deste compromisso é a promessa de que não serei abandonado(a) se eu me revelar e me mostrar como sou, com minhas coisas boas e más.
5. Na minha vida, eu não tive "vários amores". Eu amei muitas pessoas, ou seja, eu compartilhei meu amor com muitas pessoas, e cada uma teve de mim aquilo que ela pode descobrir, revelar e suportar. E juntos escrevemos histórias incríveis e tão diferentes, que visto de fora, é difícil reconhecer que sempre foi o mesmo amor. É mais fácil dizer que foram amores diferentes.
6. É muito comum acontecer que mais de uma pessoa, nos conecte com nosso potencial amoroso ao mesmo tempo. Isto pode gerar muita confusão, dúvidas e sofrimentos, quando acreditamos que o nosso amor é propriedade de quem nos conectou. Se não estivermos preparados para estas doses duplas e expansão de amor, pode acontecer uma repentina contração que muitas vezes gera complicações a ponto de comprometer nossa saúde física e emocional.
Por isto meu amor é eterno, e quando eu amo é para sempre.
Os gregos, na Antigüidade, sabiam disso. Mas para nós, foram considerados imorais. Eles acreditavam que os deuses enviavam as pessoas para terra, para desenvolverem sua capacidade de amar. Só assim eles poderiam um dia se tornarem deuses também.
Para eles existiam três estágios de desenvolvimento do amor: 1º - amor Filium, 2º - amor Eros, 3º amor Ága.
O amor Filium é o primeiro passo, o primeiro estágio no desenvolvimento do amor. É o amor fraterno, o amor filial, o amor dependente, que requer um mestre que seja o doador, porque o amor Filium, só sabe receber. O amor Eros é a conseqüência do amor Filium, e se instala quando o indivíduo completa sua maturidade sexual física. Eros é um amor egoísta, possessivo, ciumento e dependente do estímulo do ser amado.
Como ia dizendo, o amor Eros, ou seja, erótico, se instala quando a pessoa está pronta partilhar sua sexualidade e procriar. Era a maturidade sexual. Através da maturidade sexual, você podia treinar sua maturidade emocional para alcançar o próximo estágio, o de aprender a amar livre de laços dependentes e cobrança, um amor eterno e sempre presente. Este é na verdade o amor Aga, o amor dos deuses.Os deuses se distinguiam dos mortais, não pelas suas qualidades bondosas ou suas virtudes, mas sim, por terem alcançado o estágio de amor Aga, ou seja, por estarem conectados com seu potencial amoroso, e envolvidos com a tarefa de “des-envolvimento" do amor. É de lá que vinha a grande força dos deuses e todo poder que eles tinham. Platão tenta descrever isso isto no Ágape, do banquete.
É uma pena que não se treina mais a arte de fazer Banquetes.
Infelizmente, nossa cultura judaico-cristã, ligou Ága com o amor crístico, que iluminados como Buda ou Jesus tinham alcançado. Mas cometeram um grande pecado excluindo a grande força propulsora deste amor, que é a sexualidade.